Marcio Davie Claudino
maio 04, 2020Marcio Davie Claudino
Márcio Davie Claudino da Cruz possui graduação em Letras pela Universidade Federal do Paraná (2008). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Estudos Literários. Em dezembro de 2007 defendeu monografia intitulada "Duas tendências da novíssima poesia curitibana no alvorecer do século XXI", recebendo nota máxima (10,0).
A mesma foi selecionada em 2º lugar, como projeto na categoria Literatura, pelo PAIC - Programa de Apoio e Incentivo à Cultura - Mecenato Subsidiado 2008, da Fundação Cultural de Curitiba, que prevê a sua publicação. O objetivo da continuidade desse estudo no mestrado visa o seu aperfeiçoamento, para posterior publicação. Paranaense, nasceu em 1970. Obra poétiaca: O Satiro Se Retirou Para Um Canto Escuro E Chorou (Poesia).
101 POETAS PARANAENSES (V. 2 (1959-1993) antologia de escritas poéticas do século XIX ao XXI. Seleção de Ademir Demarchi. Curitiba, PR: Biblioteca Pública do Paraná, 2014. 398 p. 15X 23 cm. (Biblioteca Paraná)
ENCONTRO COM A MONJA
A monja do jardim de Salé jura que pensa em mim.
A única vez que a vi, sentada no dorso do tigre branco,
Fosforesceu a tarde com as pérolas do pescoço.
A única vez que a vi, sentada no dorso do tigre branco,
Fosforesceu a tarde com as pérolas do pescoço.
Ainda vejo a sua fronte coroada de diademas de sereno,
Muito mais delicados que a luz pequena do vaso tolteca.
Muito mais delicados que a luz pequena do vaso tolteca.
Ainda vejo o emo que ela andejava,
acompanhada pela falcoaria,
Diziam que, às vezes, entontecida de saquê.
Ainda vejo a sua fronte celestina
(porque o céu a coroava)
e nos falávamos em copta, sânscrito,
e a monja ainda jura que não me esquece...
Porque dos olhos verdes deu-me a beber em seu céramo,
Enquanto bebia, ela mesma, dos meus odres de vinho casto.
Enquanto bebia, ela mesma, dos meus odres de vinho casto.
EPITÁFIO
Em nossa casa rodeiam-nos os vivos
que chegam com palmas e ofertórios.
E eu leio alto com tremuras na voz:
que chegam com palmas e ofertórios.
E eu leio alto com tremuras na voz:
"Porque o amor é forte como a morte
e duro como a lápide"
e duro como a lápide"
(Um raio cortado de sol mágico fende a janela,
tu repartes os cabelos da boneca e
me acordas com um beijo).
me acordas com um beijo).
PICASSO
A mulher a pentear-se, disforme
informa o estilo
de angústia violenta.
distorce o real,
invade e inventa
nova anatomia,
contramímesis.
invade e inventa
nova anatomia,
contramímesis.
Matéria encarcerada
em reduzido espaço.
Lá fora em Guernica
os pincéis múltiplos da guerra.
em reduzido espaço.
Lá fora em Guernica
os pincéis múltiplos da guerra.
A mulher penteia-se
contra o vento.
contra o vento.
Autor de O sátiro, foi vencedor de alguns prêmios literários. Formou-se em Letras pela UFPR, onde frequentou o mestrado, desenvolvendo estudo sobre a poesia contemporânea curitibana. Traduziu idiomas canoros e fabricou seus primeiros escritos aprendidos com animais soberbos, tristes, plácidos e alegres: pássaros (claro!), rãs, grilos, anfíbios, répteis, cães, gatos e insetos ruins. Tem paixão por livros e ruínas, onde gosta de habitar. Verdadeira obsessão por um certo tipo de mulheres desorientadas, de olhos oblíquos e febris, alheios e potencialmente suicidas.
Epitáfio
Em nossa casa rodeiam-nos os vivos
que chegam com palmas e ofertórios.
E eu leio alto com tremuras na voz:
“Porque o amor é forte como a morte
e duro como a lápide”
(Um raio cortado de sol mágico fende a janela,
tu repartes os cabelos da boneca e me acordas com um beijo).
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