34 –Ébrio

34- ÉBRIO

Sofro demais, sou um ébrio e a bebida é meu tudo,

Sofro demais, e este ébrio e o pranto mudo,

Vivendo perdido nas noites frias, na marquise da solidão.

A bebida hoje, substitui meu sangue, substitui a água limpa,

Que brilhava em meu coração.

Tenho mil recordações, belas recordações e bebo para esquece-las.

Perdi o que tinha, perdi minha vida, meu amor, perdi as esperanças,

Perdi a fé.

Hoje eu choro, por ti mulher, hoje eu bebo por tua causa,

Hoje eu sofro por ti amar.

Não consigo escutar aquelas canções que marcaram a minha vida contigo.

Acordo... estou bebendo, ando... estou cambaleando,

Não tenho nada para amar, não tenho ninguém, para me amar.

Quando chega a noite, olho para o céu, não vejo as estrelas,

E peço à Deus em desespero, em forma de uma prece:

“Óh Senhor, tanto eu ri de Ti, tanto eu zombei de Ti, hoje eu sinto que de Ti

Eu preciso.

Sou humilhado, noites passo acordado, mas Tu és meu amigo, tenho certeza.

Quero que esta garrafa em minhas mãos, seja uma ilusão de minha de minha vida.

Óh meu Senhor, gostaria tanto, de sentir o perfume, que a rosa oferece.

Queria no semblante do amor estar presente, queria fazer amar meu coração,

Queria saber dar perdão, queria poder esquecer que sou um ébrio,

Sem chances de viver”.

Nilson dos Santos

NdS

1988

Obs: Personagem fictício.